Quando assistiu a mini série que a TV GLOBO apresentou em maio de 2007, ela sentiu um forte desejo de vir ao Caminho do Sol.
Acompanhou cada capítulo e durante seis dias caminhou com sua colega – como ela – professora.
Sofreu e admirou-se com sua garra e determinação para cumprir cada etapa da longa jornada.
Com olhos grandes e molhados como rim de boi – viu a valentia deste André – peregrino amputado e portador de prótese bi lateral, pegar as mãos de sua colega e juntos enfrentarem uma escalaminhada cantando:
__Valeu a pena ôô! – valeu a pena ô!
Ao ver sua fraqueza transmutada em rara beleza artificial amparou-se no ombro amigo – buscou força nos fragmentos de seu corpo cansado e como uma usina de fé e coragem produziu energia para prosseguir.
Em casa, pacientemente leu todos os depoimentos publicados em nosso site – trocou e-mails com vários peregrinos, assistiu à palestra, pesquisou todas as marcas e tipos de equipamentos e em seus inúmeros devaneios via-se em pleno Caminho.
Em especial lhe chamou a atenção, o relato de uma peregrina vestida com a determinação e paciência de empurrar o tempo como quem vence a constância dos séculos.
Uma fibra capaz de enfrentar a chegada irrevogável de um cansaço cada vez mais desolado – passível de lhe converter em um ser invencível.
Com a enfermidade incurável de quem queria vencer, seguia buscando força sacudindo o medo de sua cabeça e espantando o cansaço do corpo.
Às vezes vacilava e sentia-se preenchida por um vazio de mulher inteira – forte – poderosa!
Mas ao final do 3º e difícil dia – disse aos colegas: vou desistir, amanhã voltarei para casa.
Tomou banho, seguiu a rotina peregrina de almoçar, lavar roupa e jantar – mais tarde tentou enganar o sono que tardava em acariciar suas orelhas e num descuido, adormeceu.
Sonhou que caminhava e destemida superava cada metro, cada quilometro, cada etapa – uma a uma – passo a passo.
Viu de perto a dimensão do sorriso inespacial, quando tocou o Sino da Glória.
Que glória!
No dia seguinte, quando acordou, olhou o telhado manchado por um pó seco, coberto por teias de aranha e gritou:
__Vou desistir de desistir!
E assim prosseguiu: a cada dia ela “desistia de desistir.”